[Resenha] O Mais Cruel dos Meses de Louise Penny

 












O Mais Cruel dos Meses
Autor: Louise Penny
Editora:  Arqueiro
Páginas: 400
Gênero: Policial, Ficção
Classificação:

Sinopse:
Em plena Páscoa, os moradores de Three Pines esperam a noite cair para evocar os mortos. Eles só não podiam imaginar que iriam testemunhar uma morte.
É primavera no vilarejo de Three Pines, no Quebec. Em meio às flores desabrochando e aos ovos de chocolate, alguns moradores decidem aproveitar a presença de uma médium para realizar uma sessão espírita no casarão abandonado da colina.
A ideia é livrar a cidade do mal que se apoderou dela – mas a tensão do momento faz com que um deles não saia vivo dali. Em pouco tempo, um questionamento ganha força: é possível alguém morrer de susto ou terá sido um assassinato?
O inspetor-chefe Armand Gamache é então chamado para investigar. Neste terceiro caso da série, ele será obrigado a enfrentar problemas dentro da própria polícia, além dos fantasmas que assombram essa vila, onde as relações são muito mais perigosas do que parecem. Afinal, os moradores logo entendem que o mal não está em uma casa assombrada, e sim guiando as ações de um deles.

Olá pessoal, tudo bem? Chegamos ao terceiro livro com o Inspetor Gamache e esse em especial encerra de certa maneira o arco iniciado no primeiro. Por isso, eu já digo que em minha opinião ler ao menos a primeira história, natureza-morta principalmente pelos fatos mais marcantes ligados ao casarão, agora abandonado na colina.
“Deixa de ser covarde, disse ele a si mesmo. É só uma casa idiota. O que pode acontecer? Mas Peter Morrow sabia que esse tipo de pensamento normalmente precedia uma tragédia.”
Dos três livros, esse é o mais diferente deles, inclusive a narrativa. Mesmo em uma época festiva em meio às flores desabrochando e aos ovos de chocolate, o tom da narrativa parece carregada de algo que vamos acompanhando se avolumar e aumentar até a chegada da médium e claro da morte suspeita que levará Gamache de volta a Three Pines. Mas desta vez os fantasmas do passado e do presente resolvem que irão acertar as contas com o investigador.

Achei muito interessante o fato de a investigação do mistério correr em paralelo com o drama enfrentado pelo investigador dentro da própria corporação e vemos o quanto isso é um teste que vai levar a mais de uma pessoa ao seu limite.

Desde o primeiro livro eu adorei o fato de a autora pegar algo quase banal e que realmente poderia acontecer em um vilarejo esquecido no mapa e tornar em algo que você acredita que realmente poderia acontecer. Afinal, num local assim sem grandes acontecimentos e uma pessoa que afirma poder invocar o sobrenatural realmente despertaria nas pessoas uma curiosidade e certa comoção ao organizar tal evento.
“Você não perdia só um ente querido. Você perdia o seu coração, as suas lembranças, a sua risada, a sua cabeça e até os seus ossos. Em algum momento, eles voltavam, mas diferentes.”
Meu ritmo de leitura foi como nos outros bem fluido porem não tão desesperado como nos anteriores, afinal não sou das mais afoitas em histórias que envolvem o mundo espiritual, mas ainda sim a necessidade de descobrir o que estava acontecendo com o investigador me mantinha mais presa a leitura do que o mistério que envia a pessoa morta. Eu achei muito instigante a forma que a autora lidou com as duas tramas porque além de manter a história em constante movimento a expectativa por respostas e na descoberta de respostas são realmente instigantes.

Reencontrar os personagens que agora se tornaram familiares e os laços estreitos da comunidade dão a leitura um certo conforto e ao mesmo tempo uma necessidade de saber os segredos que se esconde por trás de sorrisos tão acolhedores e vizinhos solícitos em um lugar que não pode mais chamar de calmo e tranquilo depois de três crimes em intervalos não tão distantes. Confesso que esse fator também me fez gostar mais de uns personagens e menos de outros mais ainda sim entender o fascínio que todos eles têm quando reunidos, com uma investigação em andamento.
“Ele reunia sentimentos. Coletava emoções. Porque assassinatos eram profundamente humanos. Não tinham a ver com o que as pessoas faziam. Não. Tinham a ver com o que as pessoas sentiam, porque era assim que tudo começava. Um sentimento humano e natural era distorcido. E se tornava grotesco. Ele se transformava em algo ácido e corrosivo, que destruía até o próprio recipiente. Deixando poucos vestígios do humano.”
Diferente dos anteriores não posso contar muito as minhas impressões porque são tantos pontos que poderiam dar spoilers, que não me arriscaria estragar sua experiência de leitura. Eu realmente gostei muito desse livro, principalmente como a autora aborda a questão espiritual e a ligação com nossas emoções, como alguém “morrer de susto” ou o que uma semente de maldade pode gerar num coração. O que nossas ações mostram podem se revelar uma mentira, porque camuflam verdades escondidas da própria pessoa que as realiza e que nada é mais poderoso que os fantasmas podem ser o passado que volta para enfim fazer um derradeiro acerto de contas. Boa leitura!

Eu amei a edição mantendo a estética das anteriores da coleção, página amarela, diagramação perfeita para leitura com tamanho e espaçamento de fonte super confortáveis, eu gostei da tradução e achei a revisão foi bem-feita.

Resenhado Por Efinco do Blog Pretenses

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