[Resenha] Vivendo a Comunicação Não Violenta de Marshall Rosenberg


 









Vivendo a Comunicação Não Violenta
Autor: Marshall Roseberg
Editora: Arqueiro
Páginas: 192
Gênero:  Autoajuda, Comunicação
Classificação:


Sinopse:
A Comunicação Não Violenta (CNV) é um dos temas mais transformadores e fundamentais que nós da Sextante já publicamos. Ela é tão essencial que deveria ser ensinada a todas as pessoas, assim como ler, escrever e fazer as quatro operações matemáticas. Mais do que uma técnica para resolver conflitos, é um modo de ser, de pensar e de viver que, como diz Marshall Rosenberg, “nos ensina a expressar o que está vivo em nós e a enxergar o que está vivo nos outros. Assim podemos descobrir o que fazer para enriquecer essa vida”. Além de oferecer uma introdução à Comunicação Não Violenta, este livro trata dos seguintes temas: • Podemos dar um jeito: como resolver conflitos de forma pacífica e eficaz • Amar sendo eu mesmo: como criar relações amorosas sem abrir mão de nossos valores e integridade • Superando a dor entre nós: como alcançar a reconciliação e a cura sem fazer concessões • O propósito surpreendente da raiva: para além do gerenciamento da raiva, como encontrar sua virtude • Criando filhos com compaixão: como educar de acordo com a CNV • Espiritualidade prática: reflexões sobre a base espiritual da CNV

Pode parecer surpreendente, mas um dos fatores que me fizeram atentar para esse livro, foi uma crítica feita por uma colunista de comportamento sobre a comunicação não violenta. Da maneira que ela falou parecia algo muito básico para ser ensinado. E eu fiquei me questionando se seria assim. Afinal o principio de que a comunicação não deveria ser nunca violenta me parece bem simples. E qual foi não foi a surpresa durante a leitura que a premissa da comunicação não violenta vai muito além disso.

Logo no começo, fica claro que este livro é uma introdução à Comunicação Não Violenta, então somos apresentados ao conceito da CNV que é maior do que apenas a técnica para resolver conflitos, é um modo de ser, de pensar e de viver que, como diz Marshall Rosenberg, “nos ensina a expressar o que está vivo em nós e a enxergar o que está vivo nos outros. Assim podemos descobrir o que fazer para enriquecer essa vida”. Alguns capítulos são de workshops ministrados pelo autor, mas também temos alguns que são baseados em experiências de uso aplicado da prática do CNV.
“Quando pensamentos que nós (ou outra pessoa) somos algo, geralmente agimos de maneira a confirmar isso” página 48

Eu entendi que A comunicação não violenta parte do princípio: “conhece-te a ti mesmo”, da inscrição que se via na entrada do Oráculo de Delfos na Grécia. Você pode ter problema de comunicação consigo mesmo, então conhecer a si e as próprias necessidades, sentimentos e emoções por trás dos pensamentos que temos no silencio de nossa mente nos garante sermos mais eficazes na hora de comunicar melhor com o outro.

E com essa busca além de se conhecer passamos também a conhecer o outro e poder assim exercer em um primeiro momento uma comunicação melhor, não no sentido do uso da gramática, mas no amago da mensagem. O livro não é uma fórmula ou um processo de etapas e sim uma construção de aprendizado onde o autoconhecimento é o primeiro desses aprendizados que irão guiar o entendimento do que é uma comunicação não violenta e de como se apropriar ela para uso diário em diversas situações e áreas da vida.
“O praticante de CNV nunca concorda nem discorda. Aviso: nunca entre na cabeça dos outros; é feio lá dentro. [Risos.] Fique longe da cabeça deles. Vamos entrar no coração deles.” Página 72

A eliminação do ruído na comunicação e a forma de chegar a um entendimento do outro lado ao lugar de um julgamento sobre quem comunica, e também um baixar de guarda é base onde começa a CNV. Mantendo de forma a que ao comunicar seja entendido o que você realmente disse e não aquilo que a outra pessoa ouviu baseada em julgamento e acusações. No entanto, quando entendemos inteiramente as necessidades antes de passar a proposta de soluções, aumentamos a probabilidade de que ambos os lados entrem num acordo.

De certo modo pode parecer bem simples, mas para ilustrar o que eu entendi é como quando alguém pergunta as horas e ao invés de responder que horas são A pessoa responde quanto tempo falta para chegar à próxima hora. Então a resposta não foi daquilo que foi perguntado, mas sim aquilo que a pessoa achou que a outra gostaria de saber. E é dessa resposta que não a pergunta e sim ao que o outro entende da pergunta da pessoa que surge os ruídos e os conflitos na comunicação. Tem um clichê que diz não é o que você diz, mas como você diz o método da comunicação não violenta contradiz esse dito ele diz exatamente que o ruído da comunicação é o que você não está expressando ou não está corretamente expressando que ser claro na necessidade e não na ação é o mais importante para resolução de conflitos de uma forma empática e satisfatória para ambos os lados
“Confunde-se entendimento intelectual com empatia. É da empatia que vem a cura.” Página 84
Anos de uma criação onde o homem não pode sentir e a mulher precisa suprir as necessidades que o outro não sabe que tem causam um ruído de comunicação que é deficiente para ambos os lados então um não sabe o que sente e a outra não sabe como expressar a necessidade (o sentimento) que tem. É interessante notar que durante a leitura tudo parece muito simples e básico, mas ao primeiro chamado a uma atividade onde você passa a ser um dos interlocutores fica muito fácil visível e notório o quão difícil é tanto conseguiria expressar de forma correta o que se sente como ainda mais difícil expressar qual é a necessidade que precisa ou não está sendo atendida na questão que inicia o conflito.

As nossas ações na vida do outro nos afeta de maneira direta, então a melhoria da vida das pessoas e em seu entorno me afetara de maneira direta e positiva. Basicamente é aprender uma forma de dialogo onde quem ouve não se sente de forma negativa em relação ao que está sendo ouvido. O que o leva não a ouvir, mas sim a interpretar o que está sendo dito de forma errônea.
“A raiva sempre se justifica, no sentido que é o resultado inevitável do pensamento alienado da vida e o causador de violência. A raiva não é o problema. O pensamento que acontece dentro de nós quanto a sentimos é que é.” Página 98

Quanto entrei na metade do livro, estava preocupada em não conseguir praticar o mínimo de CNV por parecer quase irreal, porém ao autor entrar nas emoções e dizer que o primeiro ponto para ser bem sucedido na CNV é não ser perfeito foi realmente libertador, mas a necessidade de uma clareza espiritual foi outro ponto marcante porque ao longo da leitura me lembrei de várias passagens bíblicas que ganharam uma interpretação ainda mais forte, com os princípios da CNV. O segundo ponto, também é um principio universal da maioria das mudanças que queremos exercer em nossa vida. Treinar, treinar, treinar, fazer anotações, ir percebendo e pontuando os momentos que não estamos usando o que aprendemos na comunicação não violenta e tentar exercitar para um novo momento. E por fim tentar encontrar apoio de outras pessoas que também buscam uma vida pelo principio da CNV, ou mesmo começar a criar um ambiente onde todos estejam dispostos a viver a CNV em suas vidas.

Mas preciso dizer que a parte das transcrições dos diálogos não conseguiu me conectar muito bem, parecia que estava lendo uma peça sem que a cena se formasse em minha mente a ponto de me conectar com o texto, mesmo na parte da cura dos traumas causados por uma comunicação agressiva ou que gerou raiva, dor e magoa não consegui encontrar a conexão que eu senti que precisava naquele momento. Mas com uma muita sabedoria eu diria após esses momentos via uma conclusão ou um resumo que foram importantes para eu me reconectar ao texto.

No capitulo 5, que fala sobre criar filhos com compaixão foi onde eu realmente me encontrei com o texto primeiro pelo autor dizer mais uma vez que ninguém é perfeito e mesmo praticando o CNV estamos sujeitos as falhas e um alinhamento entre o meu pensamento e o método, sobre a criação de filhos não sujeitando as crianças a um tratamento menos respeitoso e compassivo por serem pessoas com pouca idade. E sim respeitar a inteligência e sentimentos dos filhos e crianças em geral. A questão da coerção e punição, foi uma das partes que mais gostei justamente por não se ater ao sentido abstrato do tema. Mostrando como é possível criar um novo tipo de conexão entre pais e filhos.

O final para mim foi o que menos me prendeu porque o modo como foi feito através de perguntas e respostas ficou muito mecânico para um livro que promoveu todo um dialogo seja entre os “personagens” seja do autor para com que lê, mas foi interessante mostrar como o autor se conectou de forma espiritual com seu novo modo de vida e como esse modo de vida o tornou não apenas tolerante, mas respeitoso com os diversos modos e tipos de crenças. Gostei muito da apresentação do método e creio que sim é uma visão muito promissora da comunicação e da conexão entre pessoas.


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