Literatura Feminina por Simone Fraga

Artigo publicado na revista Eu Leio Brasil - edição Bienal do Livro/Minas-2014


POR: SIMONE FRAGA
paraamareproteger.com

“Eu Leio Brasil”, apaixonei-me por essa campanha! Preciso iniciar esse artigo agradecendo o convite e expondo o prazer imenso que tenho em escrevê-lo.

Começo o texto com o conceito de Literatura Feminina, que no meu entendimento refere-se à literatura especificamente para o público feminino, ou seja, uma literatura focada na “mulher”, popularmente, ou pejorativamente para alguns, chamada de “Literatura de Mulherzinha”, termo que tornou-se extremamente retrógado.

Quando falamos de literatura feminina não significa que somente mulheres escrevem para esse público, bem pelo contrário, temos homens que também focam suas obras no público feminino.

Busco refletir e dialogar com o leitor, por meio deste artigo, sobre o grande crescimento deste público na literatura e da produção de obras publicadas por mulheres, apesar de todo o enfrentamento que ainda vivenciamos na nossa sociedade, marcada por uma cultura de violência e desigualdade de gênero e de diversas práticas cotidianas preconceituosas.

Não podemos analisar esse crescimento e valorização sem fazer um resgate da história, para poder compreender melhor o momento que vivemos. Claro que neste artigo, não terei possibilidade de aprofundar alguns pontos e fatos, visto que não terei espaço suficiente para discorrer sobre o assunto, ultrapassando o limite que me foi destinado, porém, não posso deixar de mencionar que no século XIX as mulheres eram educadas para assumirem papéis domésticos, absurdamente sem acesso à educação.

Nessa situação, acabavam por óbvio tendo um vocabulário limitado, e alimentavam desejos secretos, pois viviam em um período de opressão. Para a sociedade, a mulher deveria se dedicar-se exclusivamente à casa, a seu marido, filhos e familiares. Não importava seus anseios, se eles não fossem expressamente maternais. 

As mulheres eram consideradas o sexo frágil (corpo e cérebro), e essa cultura machista as tornavam incapazes de criar, em detrimento dos homens que eram fortes, inteligentes e, por sua vez, extremamente capacitado. Diante desse contexto, dá para entender o porquê foi tão complexa, difícil e longa a trajetória da conquista das mulheres brasileiras no campo da literatura.

"... foi justamente em nome de uma predefinição de “mediocridade” intelectual e a restrição contínua e violenta à esfera doméstica e às funções definidas como as “únicas dignas” do sexo feminino (casamento e maternidade), que foram afastadas as mulheres do mundo do saber e mantidas ignorantes, analfabetas ou apenas educadas com verniz social, aprendendo um pouco de francês, bordado e etiqueta. E muita religião é claro. Essa forma violenta de se excluírem as mulheres do cenário das letras brasileiras não impediu, contudo, que vozes femininas continuassem a encontrar os caminhos do papel.” Cecilia Prada, 2004.


A luta das mulheres por igualdade de gênero perpassa pela literatura. Mulheres valorosas, inclusive brasileiras, transgrediram a ordem em busca dos seus direitos, principalmente a educação e liberdade.

O Brasil da atualidade, vem avançando muito, é perceptiva essa mudança cultural, quando vemos mulheres ocupando mais espaços de poder e influenciando a sociedade, alcançando postos considerados, inclusive nos dias de hoje, masculinos, como por exemplo: presidentes de times de futebol.

Na literatura, não é diferente, estamos vivenciando esse crescimento fantástico. Acredito que em parte por essa mudança de cultura, mas também porque ela é sensorial e libertadora, e não estou aqui falando de gênero, visto que as temáticas são diversas.

Os chick lists e os romances eróticos, estão no topo do gosto feminino, corroborando com a tese da escrita sensorial e do aspecto libertador. Cada mulher ao ler um livro, pensado e desenvolvido para ela, irá se identificar com algum detalhe da história, pode ser positivamente ou negativamente, ele irá tocar seu coração, sua vida, seus sonhos e seus anseios. Pesquisas acadêmicas nessa área apontam que as mulheres se divertem, se encorajam e passam a perceber principalmente que podem e devem entender e falar sobre sexo, aprender mais sobre o assunto, sem julgamentos e preconceitos e porque não sonhar com o seu próprio conto de fadas?!

Esse é mais um avanço cultural que, neste caso, a literatura feminina vem proporcionar, fazendo com que vivenciemos esse crescimento maravilhoso de autoras e leitoras desse segmento. Literatura feminina - AMOR, DIVERSÃO, SEXO, E LIBERDADE!

Simone Fraga
Autora
Para amar e proteger – Minha pequena, Grande Mulher
Para amar e proteger – Para sempre, minha pequena
Fanpage: facebook.com/paraamareproteger


Revista eu leio brasil

16 comentários:

  1. Olá,

    Que texto mais legal. Literatura de mulherzinha, o termo é bem estranho. Mas acho que entendo quando alguém diz isso. As vezes até eu uso ele. Minhas leituras favoritas são os NA e os dramas. Não me encaixo nessa grande maioria de mulheres que gostam de livros eróticos e Chick-lit.
    Parabéns para a Simone.

    Paradise Books BR

    Beijos.

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  2. Fico feliz por viver no século atual pois antigamente só em pensar que as mulheres eram proibidas de ler me dá uma revolta tão grande!
    Agradeço as mulheres que lutaram por nossos direitos no passado.

    Amei esse artigo. Parabéns, Simone!!

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  3. adorei a matéria que levanta vários aspectos da questão mulher livros e como a autora mesmo comentou ela quis iniciar uma discussão e reflexões

    e acho que os livros independentes do estilo servem para mostrar várias realidades e agradar várias pessoas,se a pessoa gosta por que vamos criticar? nisso eu acho interessante "categorização" nas histórias japonesas (mais fácil ver isso nos mangás, mas pelo que eu vi eles usam isso em tudo) eles separam histórias em faixa etária e sexo (além de mistério, fantasia, romance, dia-a-dia... ) e uma vez eu li uma pessoa de uma mangá shounen = para meninOs tentando explicar porque eles fazem isso, a ideia era: oq na maioria das vezes uma menina quer é diferente do que uma mulher quer que é diferente que um homem quer que é diferente do que um menino quer...

    eu sei que existem histórias que tentam agradar a todos, mas vamos ser sinceras cada um tem uma necessidade e dificuldades diferentes, enfim não quero muito entrar no debate mas é engraçado como os assuntos se repetem, ou assuntos correlatos, estava conversando sobre a participação das mulheres no ensino superior e pós graduação esses dias com os amigos.

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  4. Também amo ler historias contidas em revistas, passatempo bem divertido.

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  5. Simplesmente um ótimo texto Simone Fraga. Amo a literatura feminina e me sinto bem feliz por no meu tempo não haver tanta repreensão.
    Bjs

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  6. Sinceramente, não gosto de rótulos. Como se livros "feitos para mulheres" não pudessem agradar determinados homens, e o contrário também. Acho que as pessoas são diferentes demais para colocar todo mundo numa mesma caixinha.
    Mas entendo o sentido do texto e concordo em partes com ele. Acredito que realmente a mulher ficou, por muito tempo, sem opções, sem algo feito e pensado para ela. E é bacana ver que o mundo está mudando, inclusive por meio dessas novas opções literárias.
    No final das contas, devemos celebrar a liberdade, tanto de expressão quanto de escolha. Somos mulheres e podemos determinar como queremos viver nossas vidas!!
    bjs

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  7. É muito bom perceber quantas coisas já mudaram para as mulheres. Hoje temos mais oportunidades e podemos buscas nossos próprios sonhos. Não consigo imaginar quão tediante deveria ser ter como único objetivo de vida fazer um bom casamento (e nem poder escolher o noivo). Mas ainda há muito o que mudar. Infelizmente vivemos em uma sociedade onde o maxismo tem papel de destaque. A perceber que ainda levamos o título de sexo frágil e só porque lemos um determinado gênero literário ele é "livro de mulherzinha". Essas mudanças tem que começar por nos mesmas. Temos que criar nossos filhos com mentes mais abertas e que entendam que não existe separação entre o papel do homem e da mulher. É tão comum um homem ser chefe de cozinha, então por que tanto espanto por uma mulher ser engenheira civil? Muito bom o artigo.

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  8. Adoro livros eróticos e Chick-lists. E acho ótimo esse assunto sendo colocado em pauta, numa sociedade patriarcal onde as divisões de gênero são explicitas,mesmo com algumas mudanças ja feitas, é ótimo debater isso. Desejo um mundo em que homens e mulheres possam ler o quiserem e que isso seja natural.

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  9. Oi, Adriana!
    Machismo é um tema bastante recorrente, não é? Infelizmente a sociedade é desigual e trata com diferença homens e mulheres. É muito bom ver pequenas mudanças nesse cenário, a cada dia a mulher se liberta e conquista seu espaço na sociedade. Concordo em partes com o texto. Acho que não devem existir rótulos nem generalizações. Nem toda mulher gosta de literatura chick lit ou de livros eróticos, nem mesmo de romances. Assim como só porque o "título" é literatura feminina, não quer dizer que o público masculino não possa se interessar por esse tipo de livro. Eu por exemplo, prefiro aventura, ação; meus romances preferidos são os do Nicholas Sparks e não gosto de livros eróticos. Acho que o que deve acontecer é a mulher se encontrar e ler aquilo que faz se sentir bem. :)

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  10. Independente do seu estilo favorito, leia. Não há nada mais chato do que alguém generalizando tudo de forma pejorativa, como "livro água com açúcar" ou "literatura de mulherzinha".

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  11. Adorei esse artigo. A Simone trouxe reflexões bem interessantes sobre esse assunto. É inegável todo o avanço que as mulheres tiveram em todas as áreas da sociedade. Mas digo que sempre fico P da vida quando vejo os termos "isso é livro pra homem" (policiais, terror, etc.) e "isso é livro pra mulher" (chick lit, drama, romance, etc.). Como se eu deixasse de ser homem, porquê leio chick lit, ou uma mulher deixasse de ser feminina, porquê lê algo cheio de tiros, mortes e perseguições policiais. Acho que isso deveria acabar, e já!

    @_Dom_Dom

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  12. Gostei muito do artigo, mas eu não sou muito do tipo que lê livros eróticos e chicklist, mas acho que meus gostos são bem de mulherzinha... adoro um romance e uma fantasia ou uma distopia com romance, hehe... mas eu sou bem aberta, leio de tudo, mas dou prioridade para estes estilos.
    Acho que hoje em dia, quem lê, lê de tudo... vejo homens e mulheres compartilhando gostos, mas ainda é difícil encontrar um homem que curta livros eróticos...
    masss, enfim, gosto é gosto!!

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  13. Olá, Adriana!

    Sendo bem sincero, não sou do tipo que lê livros voltados ao público feminino, mas não sou como alguns sexista que chegam ao ponto de julgar aqueles que leem livros do gênero. Creio que cada um possui a liberdade para escolher aquilo que quer ler (não apenas para isso, mas liberdade para tudo na vida). Adorei o artigo! ;)

    Até mais,
    Sérgio H.

    www.decaranasletras.blogspot.com

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  14. Oi! Amei o texto, a mulher foi oprimida durante séculos, vista como incapazes isso muitas vezes as frustava. Acho importante não deixarmos que outras pessoas nos digam sobre o que ler ou nos julguem pelas nossas escolhas literárias, se gosta de eróticos ninguém pode te impedir de ler ou te envergonhar por isso, pois é só mais uma forma de leitura e nesse mundo tão diversificado devemos abraçar.

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  15. Gostei do texto, tem algumas coisas que discordo, mas não irei comentar aqui pois tem diversos motivos e explicações e eu ainda tenho que refletir sobre algumas coisas.
    Muito Obrigada por compartilhar o artigo, foi bastante interessante.
    Bjs!

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  16. Não gosto de rótulos e nem de ser rotulada.
    Isso de dizer que estilo tal está no topo feminino é ultrapassado, sempre gostei de livros de mistério e policiais, isso me rotularia como leitora de "livros para homens"?

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