A Sangue Frio de Truman Capote








Título : A Sangue Frio
Autor :
Truman Capote
Pagina: 440
Editora : Companhia das Letras
Gênero : Não ficção, Fatos Reais.
Classificação :


Sinopse :

Um homem religioso, uma mãe depressiva, um adolescente, uma garota dona de casa, um cachorro amedrontado e dois ladrões frustrados. Esses e outros personagens são os ingredientes chave para o romance jornalístico A sangue frio, de Truman Capote. O livro é uma reportagem investigativa sobre o assassinato de quatro membros da família Clutter, o casal e seus dois filhos caçulas, ocorrido em 1959 na cidade de Holcomb, no Kansas, Estados Unidos.

Em 1959, ao ler no the New York Times, a notícia sobre o assassinato de quatro pessoas de uma mesma família no interior do Estado do Kansas, Capote vislumbrou o que seria o seu maior sucesso literário. Em 25 de setembro de 1965, The New Yorker publicou a primeira parte de uma série de quatro edições de sua obra, fazendo com que a revista batesse recordes de venda nas bancas. No início de 1966, seu romance de não-ficção, novo gênero literário que ele dizia ter inaugurado, é publicado em formato de livro. Para seus detratores nada de novo havia sido criado, porque aquele gênero já era conhecido pela literatura anglo-saxônica. Além disto, seu texto não era fiel aos fatos que efetivamente ocorreram. Dizem que Willian Shawn, vinte anos depois, lamentou ter publicado A Sangue Frio.
Kenyon Clutter amarrado após ser assassinado
com um tiro na cabeça


À Sangue Frio relata o homicídio da família Clutter, na madrugada do dia 15 de novembro de 1959. Desde então, os moradores da pequena Holocomb passaram a viver seus piores dias, apavorados com a possibilidade de um deles ser o assassino. Muitos venderam suas propriedades e se mudaram. Até que um detento da Penitenciária Estadual do Kansas, Floyd Wells, interessado na recompensa que poderia receber e na possibilidade de obter a liberdade condicional revelou às autoridades que, durante o tempo em que dividira a cela com Hickcock, contara a este que havia trabalhado para o Sr. Clutter e, desde então, ele manifestara sua determinação em ir até lá com Perry Smith, roubar tudo e matar todas as testemunhas. Pouco tempo depois, Richard (Dick) Hickcock e Perry Smith foram presos, julgados e condenados à morte na forca. Suas execuções, marcadas para o dia 13 de maio de 1960, só efetivamente ocorreram em 14 de abril de 1965, em virtude de vários recursos jurídicos.

 Na construção do seu relato, Truman Capote valeu-se de longas entrevistas com pessoas em geral e com as diretamente envolvidas, de material obtido a partir de registros oficiais e de sua própria observação. Segundo ele, não foram feitas anotações ou gravações durante as entrevistas, porque além de intimidarem os entrevistados, prejudicavam a observação de personagens e ambientes. Capote afirmava ser dotado de uma excelente memória que armazenou 95% do que ouviu.  Ainda conforme suas informações, Truman Capote refez o percurso de fuga de Dick e Perry até a prisão em Las Vegas. Acrescente-se a tudo isto o fato de Capote ter mantido com os acusados uma estreita relação, durante o tempo em que estiveram presos. Desta amizade, decorreu a construção de uma imagem positiva dos dois assassinos:

 “Ouviu falar dos olhos de Hickcock? Ele deixou os olhos para um médico especialista. Assim que cortarem a corda, o médico vai arrancar os olhos dele e enfiar na cabeça de outra pessoa (...).” (p. 416)

 “(...) Mas o Perry, o velho e pequeno Perry de bom coração, sempre insistia com Dick para darem carona para as pessoas mais desgraçadas e miseráveis. Finalmente Dick concordou, e parou o carro”. (p. 260)

Sua identificação com Perry foi total, uma vez que ambos tinham em comum uma infância triste. Era como se este fosse o seu lado obscuro.  Daí, a pretensão de Capote de convencer o leitor, que o mau comportamento de Perry decorria de uma infância amarga:

“(...) E Dewey era incapaz de esquecer seus tormentos. Ainda assim, achou possível olhar para o homem sentado a seu lado sem raiva – e até com certa dose de compaixão – porque a vida de Perry Smith nunca tinha sido um mar de rosas, e sim uma caminhada lamentável, feia e solitária em busca de uma ilusão atrás da outra. A compaixão de Dewey, porém, não era profunda o bastante para acomodar o perdão ou a misericórdia. Ele esperava ver Perry e o comparsa enforcados – lado a lado.” (p. 307)

Na realidade, Perry Smith e Richard Hickcock eram sociopatas:

“Era meio-dia no meio do deserto do Monjave. Perry, sentado numa maleta de palha, tocava gaita. Dick estava de pé ao lado de uma estrada de asfalto preto (...) Estavam esperando algum viajante solitário num carro decente, e com dinheiro na carteira – alguém que pudessem roubar, estrangular e largar no deserto.” ( p. 200)

O Transtorno de Personalidade Antissocial não é facilmente modificado, nem mesmo pelas experiências adversas, incluindo punições:

 “-e a punição é a morte”, cada vez que chegava à sentença, Tate a enunciava com uma inexpressividade (...) Então ele dispensou o júri (...) e os condenados foram levados embora. Quando chegaram à porta, Smith disse a Hickcock: “Esses não tiveram o coração acovardado!” Os dois riram alto e um fotógrafo captou o flagrante.” (p.379)


Truman Capote
A Sangue Frio é um romance, não um texto de jornalismo comum. A diferença de outros romances está na forma como ele narrou os fatos que, até certo ponto, observou a regra de fidelidade à realidade, característica do jornalismo. Naturalmente a maneira de ver o mundo de Capote acabou influenciando a narrativa. Já em um romance de ficção, a autonomia criativa do autor é muito maior. Os fatos reais servem apenas de pano de fundo ou como um ‘gancho’ a partir do qual surge a história. Há total liberdade na criação de personagens e na própria participação do autor na narrativa. É, sem dúvida, o melhor romance policial que já li. Imperdível.
Veja também o filme CAPOTE.

Resenhado por Vera Bastos.

15 comentários:

  1. Esse é um tipo de livro que nunca li, infelizmente. Mas gostei bastante da proposta e de como ele é estruturado.
    Histórias baseadas em fatos reais, ainda mais em um como esse, são emocionantes e tem tudo para prenderem o leitor.
    Não tenho certeza se vou gostar ou não, mas um dia pretendo ler para tirar essa conclusão.
    Obrigada pela excelente dica!
    bjs

    ResponderExcluir
  2. Oi! Não sei se gostaria ler, ou pelo menos, agora não! Parece relatar uma história chocante e que martelaria em sua cabeça durante dias após a leitura. As histórias baseadas em fatos reais sempre me deixam pensativa, ainda mais quando relata um assassinato. Mas, sem dúvida, é um bom livro.

    ResponderExcluir
  3. Esse tipo de livro é meio que apavorante. Li O Quinto Mandamento - Ilana Casoy, no qual ela relata tudo o que presenciou durante o caso von Richthofen, e só tenho uma palavra pra descrever esse gênero: perturbador! Não cedo não leria algo parecido!

    ResponderExcluir
  4. Se o livro fosse apenas relatos jornalísticos, eu não o leria, mas como ele tem essa vibe "romantizada", já passei a vê-lo com outros olhos. O que não concordei com o autor é que ele "humaniza" o assassino, porquê o mesmo teve uma infância sofrida. Assim nnca existiria um culpado.

    @_Dom_Dom

    ResponderExcluir
  5. Gostei da premissa do livro (achei a foto acima sinistra) e também achei totalmente diferente um autor humanizar os assassinos.Acho que é o tipo de livro para chacar o leitor e talvez,faze-lo refletir acerca dos assassinos.

    ResponderExcluir
  6. Eu não gosto muito de livros assim, por mais que seja um romance, eu acho que não vou gostar. Então esse eu passo :/
    Beijos!

    ResponderExcluir
  7. Oie Adriana!
    Não sei se leria,pois me pareceu falar de uma história chocante. E meio assustador não sei explicar,não me agrada livro assim,mas pra quem gosta e uma ótima
    pedida.
    Beijos.

    ResponderExcluir
  8. Esse parece o tipo de livro que leria duas vezes, e que incluiria facilmente na minha lista de preferidos. Acho digno o trabalho que um jornalista despensa a casos como esse, algo esdruxulo e fútil. E também a forma categórica que ele estabelece com o motivo torpe desse crime e mesmo assim conseguir passar uma visão clara e objetiva.
    Não assisti ao filme ou conhecia o autor, mas acredito que se trata de um belo romance policial, daqueles que você diz ufa quando termina de ler. E portanto, uma boa leitura.

    Julielton Souza - Dialética Proposital

    ResponderExcluir
  9. Não me recordo de ler nada igual a esse livro, mas ele parece ser fascinante e unindo a realidade com certa dose de ficção, parece ser uma leitura obrigatória para os fãs \o/ \o/ \o/ de bons livros policiais.
    Beijocas ^^

    ResponderExcluir
  10. nao gostei , nao chamou a minha intençao , piscicotico demais pra mim , chocante demais pro meu coraçao .

    ResponderExcluir
  11. Ai, que livro tenso...
    Por ser baseado em fatos reais... crimes tão bárbaros deve ser muito angustiante.
    Bem, apesar de ter gostado da resenha não sei se leria, pelo menos não por enquanto!
    Gosto de estórias policiais, com crimes e tudo o mais... mas de saber que é um história real muda um pouco minhas perspectivas, hehe.
    Parabéns, Adri.
    Bjs

    ResponderExcluir
  12. A partir da resenha nao sei se leria,pois achei muito chocante e assustador.Gosto de livros de suspense,policiais quando se encontram no plano da ficçao.A partir no momento que li que A Sangue Frio era baseado em fatos veridicos e que o autor tentou humanizar os assassinos achei bem chocante.

    ResponderExcluir
  13. Realmente o título combina coma história dentro do livro..eu definitivamente vou querer ler, pois alémde ser uma apreciadora de obras literárias sob o aspecto policial, tanto sou viciada em séries e programas policias...Apesar de ver que existe algumas controversias entre o que Capote escreveu e o que ocorreu e o fato dele ser mais "sentimental" em relação aos assassinos, isso não muda meu desejo de ler essa obra... Muito obrigada por me apresentar esse livro.bjs

    ResponderExcluir
  14. não sou muito fa desse suspense,e ele parce ser meio assustador.
    BJS.

    ResponderExcluir
  15. Baseada em fatos reais com um assassinato, paraece ser um livro forte e chocante, mas com uma premissa interessante. Parece ser um daqueles livros que você não esquece mesmo depois de terminar! Medo! haha
    Bjos!

    ResponderExcluir